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quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Joana Afonso


Quinze anos. Aquela idade do armário, no meu caso, poderia-se chamar a idade do ilusão. Iludia-me frequentemente sobre o sexo oposto. Bastava uma rapariga ter um gesto mais simpático para mim, e voilá, na minha cabeça, já tinha casamento marcado com ela. Aparte desta minha veia de realizador, pelas tramas dignas de filmes que imaginava, era um rapaz muito timido, pouco seguro de si, não me conseguindo expressar ao mundo.

Até que surgiu a Joana Afonso, uma jovem de 13 anos, muito madura para a idade, que me despertou o gosto pela escrita. Era assim que nos comunicávamos. Estávamos em 1994, não existia ainda o e-mail, e assim, utilizávamos a carta escrita á mão. As minhas cartas começaram por ser breves linhas agrupadas num parágrafo. Mas com o crescendo da recepção de respostas, essas linhas transformaram-se em imensas folhas escritas diariamente. Ficou para sempre, até hoje, este prazer de me expressar por carta, blog ou e-mail.

Joana foi o meu primeiro amor platónico correspondido. Estranho? Eu explico... Eu resido na Lezíria Ribatejana e a Joana residia no Arquipélago da Madeira. Ora aqui estava um obstáculo difícil de ultrapassar para um adolescente de 15 anos nos anos 90! Devido a isso, limitámos o nosso sentimento ás cartas e a alguns ocasionais telefonemas.

Pela primeira vez, sentia algum tipo de amor, ainda muito inocente da minha parte, como se fosse um tímido e fraco raiar de luz por entre um dia nublado. Tive um brevíssimo vislumbrar deste maravilhoso mundo do sentimentalismo.

O que tivemos, não sei categorizar, durou cerca de 2 meses, no final dos quais tu simplesmente disseste por telefone que não dava mais. E o meu mundo desabou! Não me abandonaste, é certo, ficaste lá para me apoiar, mas a minha ilusão tinha terminado, e dado inicio a um longo período de tentativa-erro sentimental, um calvário de 8 anos.

Naqueles dias que se seguiram a esta noticia, chorei lágrimas, tantas, que desconhecia armazenar tal quantidade dentro de mim. Durante dias usei óculos de Sol, ninguém me podia ver a chorar, na minha cabeça apenas ecoava a musica The show must go on dos Queen... Um novo eu acabara de nascer, e tal como um recém-nascido, a minha primeira manifestação neste mundo sentimental era chorar imenso.
Whatever happens, I'll leave it all to chance
Another heartache, another failed romance
I guess I'm learning, I must be warmer now
I'll soon be turning, round the corner now
Outside the dawn is breaking
But inside in the dark I'm aching to be free
The Show must go on

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Joana & Margarida

Numa esplanada, por entre copos e conversas desavergonhadas, perguntou a Margarida num tom de conhecedora da esmagadora maioria das respostas possíveis...

- Diz-me lá... se saisses com a Joana onde é que a levavas?

A Joana, era uma rapariga loira de olhos claros que chamava a atenção mesmo do mais empenhado estudante de informática duma qualquer universidade deste país, de cabeça um pouco inclinada para a frente, de forma a ocultar o olhar com a franja, ouviu-me dizer...

- Levava-a à praia para vermos o nascer do sol.


A Joana baixa o olhar e cora... a Margarida diz-me que sou muito querido... e uma besta pergunta:

- 'Pera lá! O sol não nasce do outro lado?

Assim tínhamos muito mais tempo...

domingo, 22 de junho de 2008

Justina

Anos se passaram desde que a Justina passou pelo meu jardim…
Qual buganvília que se agarra a uma base e se vai enrolando na mesma…
Assim foi marcada a sua passagem…
Após uma adesão a uma base que apareceu, foi criando forças e desenvolvendo os seus ramos… as suas flores brilharam com força e intensidade…ate terem alcance para atingir uma nova base… uma base mais alta e mais resistente…
Assim começou a sua transição ao fim de um ano e meio… os seus ramos tocaram uma nova base e cresceram na sua direcção… a sua relação com o seu novo hospedeiro foi crescendo, assim como ela na sua vida…
Aos poucos foi largando as antigas raízes ate abandonar o jardim onde havia estado até então…
Agora repousa em um novo jardim… vivendo a vida que desejara até então…
O local onde tinha as suas raízes cravadas, permanece lá… já esbatido pelo tempo…
As paredes que trepou continuam a ter as suas marcas… a chuva que cai não as leva…
Mas interrogo-me…?

... "Será que as suas flores se recordam de onde vieram antes?"