terça-feira, 4 de novembro de 2008

Katherine

"Espelho, espelho meu, existe alguém mais belo do que eu???"

Era uma vez uma bela rapariga de ascendência francesa... Katherine vivia no seu castelo, tentando fazer da sua vida um conto de fadas com final feliz.

Alta, esguia, cabelos loiros de que tinha o prazer de estar constantemente a mexer. Estava no final da adolescência, quando se via no espelho, a sua pose lembrava o busto de Marianne, heroína enérgica, guerreira, pacífica, protectora e maternal da pátria francesa. Ao vê-la entrar na sala, dentro da minha cabeça, soavam sempre estas palavras:


Liberté, Egalité, Fraternité!


Vestia-se como uma princesa, ora com lindos vestidos cheios de transparências (não tinha qualquer vergonha do seu corpo), ora com alguns fatos da mais alta costura francesa. Como ela mesmo dizia, as melhores coisas da vida têm sempre de vir muito bem embrulhadas.

Katherine tinha dois pretendentes. António, que provinha de muito boas famílias, primos afastados da Casa Real de Portugal, frequentava o castelo sempre a convite dos pais da bela princesa. Eles sempre desejaram que a filha contraísse matrimónio com ele, sonhando com a possibilidade de algum titúlo Real. Mas a corte de António contemplava muitas princesas, e para ele esta era mais uma apenas.

E existia também o Pedro. Moço muito comum, roçando o banal, sempre tinha dedicado a sua vida a amar Katherine. Ela era realmente a Rainha do seu Castelo a quem dedicava toda a vida. A quem dedicada todas as rosas que lhe oferecia diariamente. Apesar dos pais dela não gostarem muito da sua presença, a vontade da sua preciosa filha prevalecia. Katherine via no Pedro algo garantido, amava-o mas sabia que o amor dele estava certo, tão certo como a Lua vir brilhar na noite após o Sol adormecer. Há muito tempo que andavam a adiar a sua primeira relação, dizendo esperar por aquele momento mágico. O Pedro não pressionava, sabia no seu coração que a iria amar para sempre, e que teria todo o tempo do mundo para esperar por tão especial noite.

Mas nem sempre a Lua vem e numa certa noite o céu estava nublado e a Lua não apareceu...


Depois de imensas lavagens cerebrais, por parte dos seus pais, Katherine começa a acreditar realmente que o Pedro não seria o melhor para ela. António apercebeu-se deste ponto fraco, e no melhor estilo de Shakespeare, montou um pequeno teatro onde mostrou que era muito melhor do que o Pedro.

Este, estupidamente, não se apercebeu desta manobra, e ao continuar com a sua rotina, começou a sentir Katherine cada vez mais fria e irritada com ele. Ao sentir-se traído, depois de tantos anos de dedicação, ripostou, o que ainda o afastou mais da sua Rainha.

Então o António fez a sua jogada de Xeque-Mate, tombou o Rei Pedro, tornou-se ele mesmo o Rei do Castelo de Katherine. Criou artificialmente um ambiente especial e logo se apressou a pressioná-la para a sua primeira vez. Ela cedeu...

A armadilha tinha funcionado, dias depois foi a vez do António ficar frio e irritado com Katherine, até que se afastou por completo dela. Na sua bagagem já levava mais uma conquista e a importância de ter sido o primeiro homem dela. Semanas mais tarde, Katherine, voltou a falar com Pedro, profundamente arrependida de se ter entregue a um vigarista, pedindo a Pedro que este voltasse, dizendo que só ele tinha direito a ser o primeiro, como se uma pedra lançada, uma palavra dita ou uma oportunidade perdida pudessem voltar atrás.

Pedro já não era o mesmo doce, vivia agora na amargura de ter dedicado anos á sua princesa e esta o ter trocado por um aldrabão sem nunca ter sido sincera com ele, apenas o afastando da sua vida sem qualquer explicação. Durante anos, separados, ambos iriam saborear este amargo travo nas suas bocas. E viveram (in)felizes para sempre?


Podemos escolher o que semear, mas somos obrigados a colher aquilo que plantamos.

sábado, 20 de setembro de 2008

Cristina Marques

A Cristina foi mais uma daquelas mulheres que respondeu ao meu anúncio, colocado em meados da minha adolescência. Residia na cidade da Sopa da Pedra, nomeadamente, em Almeirim.

Fomos travando conhecimento através de sms, e alguns esporádicos telefonemas, nos quais ela sempre me afirmava, tão tipicamente, que apenas ligava ao interior e aos sentimentos das pessoas. Não importava como eu fosse, sabia que eu era muito belo interiormente, e para ela, isso bastaria, ficando decidido que não seria necessário trocar fotografias antes...

Tanta vez ouvi aquela lenga-lenga que acabei por acreditar nisso mesmo. Algumas semanas passaram e lá marcámos encontro. Viajei até Almeirim, encontrando facilmente aquele café chamado O Campino. Entrei e logo me pareceu apropriado tal titulo dado ao café. Estava frequentado por um tipo de gente que mais se parecia com uma típica cena Ribatejana.

Imensas vacas e vitelas, polvilhadas aqui e acolá de alguns touros, que faziam aquilo para que estão geneticamente programados: Tentar acasalar, transmitindo os seus corruptos genes; e afastar os possíveis concorrentes ás suas fêmeas.

De certo que eu não seria o Campino que iria dominar aquele gado bovino... Procurei uma mulher sozinha, e lá a encontrei numa mesa, timidamente encostada a um canto, de costas para a TV que transmitia um jogo sem qualquer interesse da Liga Nacional. O sinal combinado para nos reconhecermos seria uma rosa vermelha em cima da mesa.

Disse-lhe olá, sou o Pedro, e logo nos olhos dela saboreei o travo amargo da desilusão...

É impressionante como num único segundo, todas aquelas promessas que ela tinha feito antes, se desvanesceram, tudo aquilo que ela dizia ver de bom em mim foi superado com um simples olhar e um simples julgamento fisíco do aspecto exterior.



Eis o mundo onde vivemos hoje em dia, para se ser bonito interiormente teremos de o ser também exteriormente, como se uma boa prenda de Natal não pudesse vir num embrulho menos bonito? Não valerá a pena abrir o embrulho para ver o que realmente está lá dentro?

Passados cinco minutos de uma insuportável conversa de treta sobre o tempo e outras coisas fúteis, ela transformou-se em mais uma vaca á espera de um qualquer Touro rude com um embrulho bonito e lá fugiu, deixando para trás uma óbvia desculpa esfarrapada...

Antes de a outro julgares, julga-te a ti mesmo!

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Joana Afonso


Quinze anos. Aquela idade do armário, no meu caso, poderia-se chamar a idade do ilusão. Iludia-me frequentemente sobre o sexo oposto. Bastava uma rapariga ter um gesto mais simpático para mim, e voilá, na minha cabeça, já tinha casamento marcado com ela. Aparte desta minha veia de realizador, pelas tramas dignas de filmes que imaginava, era um rapaz muito timido, pouco seguro de si, não me conseguindo expressar ao mundo.

Até que surgiu a Joana Afonso, uma jovem de 13 anos, muito madura para a idade, que me despertou o gosto pela escrita. Era assim que nos comunicávamos. Estávamos em 1994, não existia ainda o e-mail, e assim, utilizávamos a carta escrita á mão. As minhas cartas começaram por ser breves linhas agrupadas num parágrafo. Mas com o crescendo da recepção de respostas, essas linhas transformaram-se em imensas folhas escritas diariamente. Ficou para sempre, até hoje, este prazer de me expressar por carta, blog ou e-mail.

Joana foi o meu primeiro amor platónico correspondido. Estranho? Eu explico... Eu resido na Lezíria Ribatejana e a Joana residia no Arquipélago da Madeira. Ora aqui estava um obstáculo difícil de ultrapassar para um adolescente de 15 anos nos anos 90! Devido a isso, limitámos o nosso sentimento ás cartas e a alguns ocasionais telefonemas.

Pela primeira vez, sentia algum tipo de amor, ainda muito inocente da minha parte, como se fosse um tímido e fraco raiar de luz por entre um dia nublado. Tive um brevíssimo vislumbrar deste maravilhoso mundo do sentimentalismo.

O que tivemos, não sei categorizar, durou cerca de 2 meses, no final dos quais tu simplesmente disseste por telefone que não dava mais. E o meu mundo desabou! Não me abandonaste, é certo, ficaste lá para me apoiar, mas a minha ilusão tinha terminado, e dado inicio a um longo período de tentativa-erro sentimental, um calvário de 8 anos.

Naqueles dias que se seguiram a esta noticia, chorei lágrimas, tantas, que desconhecia armazenar tal quantidade dentro de mim. Durante dias usei óculos de Sol, ninguém me podia ver a chorar, na minha cabeça apenas ecoava a musica The show must go on dos Queen... Um novo eu acabara de nascer, e tal como um recém-nascido, a minha primeira manifestação neste mundo sentimental era chorar imenso.
Whatever happens, I'll leave it all to chance
Another heartache, another failed romance
I guess I'm learning, I must be warmer now
I'll soon be turning, round the corner now
Outside the dawn is breaking
But inside in the dark I'm aching to be free
The Show must go on

sábado, 23 de agosto de 2008

Silvia

-Oh parvo, queres ou não ser o meu par no trabalho de grupo??

Era assim a Silvia. A tipica rapariga Patinho Feio mas muito inteligente. Nenhum dos meus colegas olhava para ela como mulher, nos olhos deles ela tinha bastantes defeitos físicos e vocês sabem como são cruéis os adolescentes a avaliar as raparigas. Penso mesmo que as hormonas lhes provoquem algum tipo de cegueira...

Entre nós existia alguma cumplicidade, ela notava que eu a olhava de forma diferente, e aliado a isto sempre existiu alguma competição saudável para ver quem tinha melhor aproveitamento escolar.

Na altura, sentimentalmente, eu procurava apenas quem não me queria nunca e sempre me fazia muito mal, ou seja vivia constantemente gozado e mal tratado. Ela dava-me sempre apoio, deixando-me uns poemas escritos no meu caderno. Fui demasiado cego para ver o óbvio...

Os anos lectivos passaram, entretanto entrámos ambos na universidade, separados por 200 kilómetros. Mas como tirei a carta de condução, o nosso convívio melhorou muito com a independência adquirida.


No fim de semana, quando regressávamos a casa, ela esperava sempre por mim para sairmos ao Sábado de noite, envergando as habituais roupas provocantes aliadas ás suas poses não menos quentes...


Engraçado como as memórias agora retornam á minha mente. Lembro-me como te convidei para dançar naquela festa de aniversário, na primeira vez que saí de carro sozinho, e como resposta levei um rotundo NÃO! Tu eras mesmo assim, a tua boca dizia não, mas eu teimava que sim!

Passado cerca de um ano, servindo de seu motorista, levando-a a concertos, a visitar a Expo 98, á estreia do filme Titanic, naquela sala com 300 pessoas onde choraste tanto. Mas algo iria mudar...

Constatei que quando íamos ao Bar Cave, que tu tinhas o hábito de desaparecer da minha vista, deixando-me ali sozinho. Sentia-me que nem isco numa baía infestada de tubarões. Tantas pessoas que, em nada tinham a haver comigo, me rodeavam e me obsevavam como se fosse um ET naquele espaço. Pessoas para quem meia dúzia de palavras serviriam para dar um beijo ou ter uma relação sexual, apenas pela parte física. Nunca tinha sido assim, e sentia-me terrivelmente deslocado, como um peixe fora de água!

Nisto, imaginava que tu estavas com outra pessoa e os ciúmes nasceram em mim. Sentia-me apenas um mero motorista, fiquei magoado contigo. Apesar de nessa altura já gostar muito de ti, sentia-me atraiçoado na minha amizade contigo. Talvez injustamente, sentia-me na obrigação de te reclamar algum tempo de antena, alguma atenção da tua parte, como sempre tínhamos tido, como sempre te tinha dado!

Não sei se deste conta destes ciúmes, mas certo dia, sem qualquer aviso, fui a tua casa, como num qualquer sábado. Apareceu a tua mãe, dando o recado de que estavas com uma depressão. Nunca mais me falaste, ainda te revi um par de vezes, uns olhares trocados, nenhumas palavras e um teu querer fugir de mim, como se eu fosse algo de muito mau na tua vida.

Podemos escolher o que semear, mas somos obrigados a colher aquilo que plantamos...

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Inês


A Inês era uma daquelas conhecidas que sempre fora uma femme fatale, daquelas mulheres que adoram seduzir, que trocam de relação como quem troca de camisa, sempre ansiosa pela adrenalina da conquista. Qualquer conversa tinha de ser terminada a falar de homens, e as suas relações com eles. Procurava-os como se o nosso planeta estivesse deserto e ela estivesse incumbida de perpetuar a raça humana.

Este tipo de mulher nunca fez o meu tipo, e assim, sempre a fui observando com o escudo da amizade para não acabar sendo apenas mais um presa nas garras dela.

Muita da culpa era dos seus pais, novos ricos, muito empenhados em lhe arranjar um casamento de conveniência para aumentar o seu estatuto social. As amigas tentavam mudar esta sua natureza, e os seus namorados, querendo não serem apenas mais uns, todos tentaram mudá-la sem sucesso.

Até que um dia....... Apareceu o João. Católico muito praticante, sempre disposto a pregar a todos, até aos peixes, a cada duas frases que ele debitava da sua boca, uma era citação da Bíblia. Tinha sempre uma solução para tudo e todos, e essa solução passava obrigatoriamente por uma maior devoção á Igreja.

Conseguem imaginar uma mulher como a Inês, namorando o Santo João?

A Inês acabou por ceder, tornou-se uma imagem do João, repetindo citações bíblicas qual disco riscado... Deixou de coleccionar homens! Passados poucos meses, decidiram deixar uma carta a cada familia, e desapareceram para parte incerta, dizendo que ambas as familias não dignificavam os valores de Deus. Há quem afirme estarem no Brasil, há quem os tenha visto numa estação de metro do Rossio, outros dizem ainda que estão numa qualquer seita... O certo é que nem investigadores privados os descobriram.

Afinal a mulher que era um diabo nas relações, era agora uma santa devota da Igreja e do seu João. Ele tinha feito o que mais ninguém se tinha lembrado:

O homem que move montanhas, começa carregando pedras pequenas.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Diana

A Diana é alguém surpreendente, alguém especial, alguém impressionante...
Sabem o que é sentir que têm perante vós a pessoa mais perfeita para o vosso feitio?
Ora pois bem, pode-se considerar que a Diana é o yin do meu yang.
Tem tudo o que eu poderia desejar num par ou num complemento para a minha existência.
Passando por uma vida complicada, viu-se muito cedo atirada na vida, no fim de uma relação, com o pequeno Diogo nos braços.
Isso, obviamente que a forçou a crescer mais rapidamente que o habitual.
Contudo, foi um crescimento forçado e partes de si não acompanharam o seu desenvolvimento.
Lutadora, energética, sorridente, amiga, meiga, confidente, entre tantas outras caracteristicas maravilhosas.
Mas a Diana tem um segredo que só a mim revelou, uma vez que o vi nos seus olhos e no seu interior...
Lá dentro existe um buraco, um vazio, uma solidão... Medo...
Medo de se desiludir, medo de se apaixonar e de ter de se acomodar posteriormente novamente (como actualmente).
Para evitar isso, ela foge inconscientemente de uma proximidade mais intima.
Aos poucos e com a minha ajuda, sei que conseguirá recuperar a confiança em si e nos outros...
Leve o tempo que for preciso. Um dia conseguirei e ela vai brilhar...
Brilhar alto no céu, ofuscando todas as estrelas em seu redor.
E aí ficarei em paz comigo mesmo.
Ela estará feliz e eu terei conseguido atingir mais um pouco da minha felicidade.

A nossa felicidade não passa unicamente por nós... Mas é em nós que começa...

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Lilia S.

A Lilia é mais um caso de uma faca de dois gumes.
Ainda me recordo bem das primeiras vezes em que a vi.
Foi quando me inscrevi para uma entrevista e formação para o meu actual emprego.
Após aprovação na entrevista através de um teste deveras básico, ficámos ambos aprovados.
Foi tida uma formação inicial, com uma equipa de 18 elementos no qual ambos estávamos presentes.
A sua maneira de ser prendeu-me a atenção desde logo.Indicava uma certa fragilidade no seu interior, como se algo a devorasse...
Digamos que inteligência e perspicácia não são os seus pontos fortes.
Contudo, por algum motivo que me é alhieo, simpatizei com ela e optei por ajudá-la, dando-lhe umas aulas "extra-curriculares".
Explicava-lhe o conteúdo da formação e procedimentos e auxiliava-a a estudar, uma vez que era uma matéria na qual eu estava plenamente à-vontade.
Devo antes de mais acresentar, que isto foi feito com a mais inocente das intenções da minha parte.
Era mais que óbvio que sozinha ela não iria conseguir, uma vez que a formação envolvia conhecimentos bastante técnicos.
As suas notas melhoraram um pouco, contudo permaneciam muito no limiar do minimo pretendido.
Chegado o dia do exame final, eu por meios e acções não muito correctas, fiz grande parte do seu exame, dando-lhe as respostas.
Ela conseguiu assim obter uma boa nota e ficou aprovada para o serviço.
Fiquei deveras satisfeito com a minhas prestação e com o que havia feito. Ela havia conseguido...
Pensava que tinha assim arranjado mais uma boa amiga.
O tempo passando, a Lilia foi mudando... e assim foi mudando inclusive a sua atitude.
Em pouco tempo clamava que era a melhor no que fazia e que só havia conseguido única e exclusivamente graças ao seu esforço e empenho.
Posso não o ter feito para obter qualquer tipo de agradecimento, contudo a sua atitude para comigo deixou-me deveras revoltado e desiludido.
Desde tratar-me com desprezo e cinismo, até ao facto de se vangloriar a plenos pulmões que seria a melhor de toda a equipa (o que é completamente incorrecto...).
Sinceramente, sinto-me desiludido com tais actos e palavras...

Preza os teus conhecidos e acarinha os teus amigos...
... um dia irás precisar e eles não estarão lá para te apoiar e ajudar...
... até pode não estar lá ninguém sequer.

domingo, 20 de julho de 2008

Penélope

Tivemos a sorte de ter um dia de sol, ou direi antes, um fim-de-semana de sol...
Há anos que não andava de comboio... e o meu avô sempre me disse que a maneira correcta de sair com uma rapariga era de transportes públicos... a ideia foi dela... ele sempre me disse que deveria pagar o bilhete de ida e esperar que a rapariga fizesse o mesmo à volta... ela antecipou-se mesmo na ida...No dia das "primeiras vezes após anos", um sábado, o horizonte foi tomando cor com o toque da Penélope. Um toque decidido, firme, forte, com garra... mas visivelmente terno.
Ao fim do dia, quando a levava a casa e conduzia o mais devagar possível pelo prazer da sua companhia, ouvi-a dizer - Adorei este fim-de-semana... vou ter saudades. - entre ouvir a frase e chegar à porta foi apenas uma curva... parei... lembro-me nitidamente de ter pensado "Não me abraces!"... pois foi isso que a Penélope fez... abraçou-me! E nesse abraço, eu, de nariz enterrado nos cabelos dela, embriagado, perdi-me... francamente, ainda me perco só ao fechar os olhos ao pensar nesse instante... e sinto o arrepio, o desejo e o receio do beijo que se seguiu...

Estaria pronto para tal? Dois dias depois acordei violentamente ao bater na traseira de outro automóvel... confirma-se! Era um novo começo... estava apaixonado!

Cláudia

Na escola secundária havia muito o hábito de irmos para fora da escola ver a paisagem (que normalmente tinha saias ou calças justas).

Estávamos no inicio do ano lectivo adolescência e hormonas ao rubro, e os meus olhos sondavam aquela rua em busca de novas paisagens com maior atenção que um radar em plena guerra.

Subitamente, surgiu o sinal de um avistamento desconhecido a norte. Não era nenhum avião aliado, mas também não era conhecido por inimigo. Mas de facto era um avião...

Parecia deslizar suavemente apenas centímetros acima do chão. Incrível como, antes mesmo de a avistar, já via ao fundo da rua uma luz brilhante, pura e intensa, a anunciar a sua chegada. O ritmo dos seus passos mais pareciam marcar o ritmo da canção dos Doors que eu entoava na minha cabeça:

Hello, I love you
Won't you tell me your name?
Hello, I love you
Let me jump in your game

She's walking down the street
Blind to every eye she meets
Do you think you'll be the guy
To make the queen of the angels sigh?

Jovem mulher, arriscaria dizer na infância dos seus trintas, alta, esbelta, a fragância tentadora do seu perfume só era superada pelo seu hipnotizante sorriso que contagiou toda a rua. Aquela mulher fazia-se notar e muito! Subitamente, e para meu espanto, entrou na escola. Quem seria?

Era dia de apresentações mas sempre tive curiosidade de saber quem seriam os novos professores. Dirigi-me para o corredor, e aquele cheiro delicioso voltou a enebriar-me. Estaria a sonhar ou seria.... Não pode ser!

-Olá turma, chamo-me Cláudia, sou a vossa nova professora de Filosofia!

Ainda meio atordoado, sentei-me. Esta bela mulher seria a minha professora! Durante a aula apenas pude tomar atenção a toda aquela energia positiva que vibrava nela. O seu olhar terno, doce, meigo, a maneira como colocava as mãos no seu colo. A delicadeza dos seus dedos e aquele gancho do cabelo! Aquele gancho trespassava o seu cabelo enrolado na sua nuca do mesmo modo que o cupido trespassava os corações de quem a via.

Numa certa tarde de chuva, saio da escola depois da aula de Filosofia, e toda a rua parecia chorar algum amor perdido. Porém, vejo que me esqueci do manual e volto á sala. Toda a escola parecia agora morta, vazia, sem vida. Ao entrar na sala sinto novamente aquela fragância enebriante. Vi uma silhueta em contra luz em cima da secretária, imóvil, quem seria e o que faria ali a esta hora? Aproximei-me mais um pouco, e a mudança da minha posição em relação á claridade permitiu-me vislumbrá-la melhor.

Mas que raio? Era a Cláudia e estava sentada em cima da secretária. A sua saia curta, agora deixava mostrar mais um pouco os seus collants. O que faria ela ali naquela hora?

Por momentos pensei em ficar ali assim. Imóvel também, contemplando aquela bela obra de arte. Queria acreditar que se ficasse assim quieto, ela ficaria ali, só para mim, seria tão feliz assim apenas a venerá-la.

Mas os seus olhos lindos notaram a minha presença e tocaram nos meus, fiquei sem palavras, tentei articulá-las mas a lingua enrolava-se a cada tentativa. Ela percebeu, e pediu-me para me aproximar.

Sentia-me preso a este encantamento, não pude resistir. Fui até ela, parei a uns escassos centimetros. Demasiado perto para poder escapar das garras dela, mas demasiado longe do que queria realmente estar! Olhei bem para ela, consegui ver detalhes que nunca tinha visto enquanto aluno, os seus óculos davam-lhe um ar intelectual, mas o sinal estrategicamente colocado quase ao canto do lábio dava, por sua vez, um ar muito sensual.

Perguntou-me o que me trazia ali, a aquela sala, naquela hora. Apontei para o meu manual, felizmente esquecido naquela mesa. Fui buscá-lo, voltei-me novamente para ela, e ela, com o seu olhar, mostrou-me o que lhe ia dentro da alma. Senti ser uma mulher que tinha dedicado toda a sua vida ao seu trabalho, á paixão de ensinar filosofia, mas que lhe faltava algo na sua vida. O nosso diálogo era silencioso. as palavras eram desnecessárias naquela conversa, apenas iriam deturpar toda a pureza dos nossos olhares.

Dela, ouvi nos seus olhos, que tudo o que sempre tinha querido era alguém que a amasse realmente, alguém que a entendesse, e que lhe pudesse mostrar o seu papel como mulher. Senti que tinha passado muitos anos sozinha, obstinada com os seus estudos, tentando mostrar que conseguia vencer na vida, mesmo sem a ajuda de um homem.

Mas agora havia chegado a altura de o lado feminino dela reclamar o seu lugar, reconquistar a sua alma. Notava-se perfeitamente nos seus olhos.

Mas não era eu aquele que a iria salvar daquele estado. Apenas me restou sorrir para ela, de alguma forma, dar-lhe muita esperança e força. Ela sorriu de volta, assinalando que tinha percebido a mensagem.

Poucos meses depois, ela pediu transferência para outra escola, queria estar mais perto do homem que tinha despertado aquele lado dela.

Senti-me muito feliz por ter ajudado aquela jovem professora a soltar-se de todas as amarras, e a tornar-se naquilo que mais belo existe: Uma bela mulher, em cujos olhos arde a chama da paixão...

Ana S.

Boas memórias e recordações tenho desta senhora.
É daquelas pessoas cuja presença não passa despercebida.
Loura, dotada de uma boa forma fisica.
Loura... mas não tem nada de burra.
Já viveu a sua cota de situações menos agradaveis ao longo dos seus 38 anos de existencia.
Um casamento por impulso e no furor da paixão, providenciou-lhe uma nova forma de ver a vida e o mundo que a rodeia.
Meses de sofrimento e de perseguição, embutiram-lhe ume sensação de medo e deram-lhe simultaneamente uma força muito grande e vontade de saborear a vida.
Rebelde, responsavel, confiavel, com um sorriso na cara em qualquer ocasião. Senhora que luta pela sua vida, não perdendo uma oportunidade de sair com os seus amigos e divertir-se quando pode.
Mantendo sempre o seu próprio nível de responsabilidade e moderação, tornou-se naquilo que se pode considerar um exemplo a seguir...

Mesmo quando tudo parece perdido, há que saber olhar em frente, sorrir, levantar a cabeça e continuar a caminhada...

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Marcia P.

O que dizer sobre esta jovem?
Palavras não conseguem bem definir o que vai no seu interior.
Dotada de uma inteligencia e sensibilidade além do habitual.
Reune muitas das caracteristicas daquilo que muito ambicionam ser um dia.
Lutadora, Bonita, Inteligente, Respeitadora e sempre com uma palavra amiga para dizer.
Usa a cabeça e não age por impulsos.
Uma vida com um boa base de partida.
Um curso tirado e com muito boas notas...
Uma familia que a adora e que ela adora igualmente.
Um aqui semi-primo com quem conviveu grande parte da sua vida até à uns anos.
Desde pequenos que brincámos juntos, partilhando parte da nossa vida e das nossas experiencia.
Partilhando gostos comuns e partilhando ideias.
Contudo...Detentora de uma vivência pouco solidificada.
Pouco conhecedora do mundo que expreita em cada esquina.
Alvo facil para os predadores que expreitam nesta sociedade.
Até à data, valeu-lhe a sua cabeça e o seu descernimento.
Abriga-te rapariga, protege-te e ganha defesas...
O mundo não é cor de rosa.
Viveste toda a vida numa casa de beijos, e nessa casa persistes.
Protegida numa redoma que impede que eles entrem...
Mas os predadores aguardam que saias para a luz para te atacar impiedosamente.

Interrogo-me...
saberás distinguir quem são os predadores quando chegar a altura?

Patricia G.

A patricia é alguem muito especial.
Vê-se nos seus olhos penetrantes e meigos...
Vê-se no seu sorriso arrebatador...
Sente-se na sua presença que inunda o espaço onde se encontra com uma nitida sensação de bem-estar.
Senhora de poucas palavras mas com muito para dizer...
Uma forma muito invulgar de interpelar as pessoas, mas muito sua e agradavel.
Recordo-me bem das primeiras palavras que me dirigiu online...
"Olá paspalho"...
Digamos que teve uma aproximação deveras curiosa, mas contudo, foi bem interpretada.
Senhora que diz o que sente quando acha que assim o deve fazer, não que adultere ou diga que sente o que não é real...
mas abstem-se de comentar até que ache que o momento é oportuno.
Senhora reservada, mas com muito para oferecer...
E até uma simples palavra como paspalho, na sua voz melodiosa parece um elogio.
E quem ouve as palavras, ouvindo apenas as suas letras, não entenderá a profundidade dos seus sentimentos... contudo, quem ouvir com o coração, sentirá que é um cumprimento caloroso.
E a essa senhora deixo hoje a minha homenagem por ser uma flor rara como é dificil de encontrar hoje em dia.

Uma flor a preservar... Flor de Lotus

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Leila

Quiz o destino que por influência de um amigo, numa altura menos boa da minha vida, cruzasse caminhos com a Leila.
As intenções desse amigo, eu sempre soube quais eram e eram nobres, libertar-me de um circulo de auto-comiseração que me consumia...
Entre umas saídas nocturnas, fomos parar ao café onde já não ia há muito tempo.
Meus velhos conhecidos... todos lá presentes...Mas havia uma cara nova... uma cara excluída por todos eles...Os avisos foram muitos, "não te aproximes, está destinada a ser posta de lado..."
Tais comentários caíram-me como ofensivos, apesar de não serem relativos a mim..."Não me fio pelo que me dizem... e sim pelo descubro e sei por mim mesmo..."
Levantei-me e fui ter com ela... o seu nome era Leila e era aquilo que se pode chamar um corpo escultural e uns olhos capaz de nos devorar a alma...
Convidei-a para se juntar a nós... sorrindo com receio, aceitou e foi para junto de nós...Estando comigo, ninguém lhe faria nada... eu não permitiria e eles não se atreveriam...
Eles não lhe davam confiança, mas não a tratavam mal ou qualquer coisa do género comigo presente.
Era já tarde, ofereci-lhe boleia e levei-a a casa...
Várias noites passaram, nos qual me juntava a eles e ela a mim...
Aos poucos e de forma inconsciente, fui saíndo da fase negra em que me encontrava.
Começava a nutrir sentimentos algo que diferentes por ela... o meu carinho aumentava...
Uns tempos depois e lentamente, fui-me afastando mais deles e aproximando cada vez dela...
Cada vez mais ia sorrindo, ia recuperando a confiança em mim mesmo...
Mas aos poucos fui percebendo que nem tudo é o que parece...
E que por vezes os conselhos dos outros, há que considerá-los um pouco pelo menos...
O interesse dela aumentava, não por mim, mas pelo que podia fazer por ela...pelo meu carro, pelo "chofer de serviço", pela carteira...
Em bom tempo, meti um travão antes que perdesse o controlo...
A Leila hoje em dia, encontrou e caçou um tipo como o que procurava... (um papalvo)
Dela, tenho boas recordações apesar do seu interesse obvio nas minhas "capacidades"...
Mesmo tendo sido " um parvo", dei o beneficio da duvida e nao me censuro por nada...
Sei que lhe dei uma oportunidade... e graças a isso, inconscientemente, o meu circulo de auto-comiseração foi quebrado...

Apesar de falsa, guardo-te com carinho na minha memória Leila.
As tuas opções de vida são só tuas e tens de lidar com os actos e as suas consequencias...

domingo, 6 de julho de 2008

Manuela

Nunca o cavalo de prata deu tanto de si nas minhas mãos...


Ao telefone disse-me que eu estaria a 15 minutos daquele sítio... demorei metade a lá chegar. A curiosidade moveu-me até ali. Esperava, olhando nervoso em todas as direcções... andava de um lado para o outro como se isso a fizesse chegar mais cedo! Senti-me observado, um olhar fixava-me a nuca... tinha a certeza que sim!... voltei-me e vi-a. Era ela! Era ela quem me olhava... aquele passo da sua caminhada interrompido... nunca o hei-de esquecer... voltando para trás contornando um obstáculo vidrado pelo qual nos observávamos. Encontrámo-nos... e partimos dali...
Estava apavorado, ou seria encantado, enquanto caminhávamos lado a lado falando, ouvindo, rindo, apreendendo e aprendendo o ser que o outro era... eu ainda tinha uma promessa a cumprir! Peguei-lhe ao colo em forma de teste... um teste que fazia a mim mesmo, para saber o que ia dentro de mim, para saber quem era ela, o que era ela. Era leve, poderia dizer que era perfeita, e no momento em que lhe peguei ao colo, soube que não era eu quem a segurava... era ela que me prendia a si... prendeu-me no momento em que se deixou segurar...

sábado, 5 de julho de 2008

"Gata"

Foi assim que a conheci, era o único nome a qual respondia... Gata... quase que uma construção mental de uma pessoa, um esboço, composta por curvas encadeadas que fui colocando na minha mente enquanto do outro lado de um túnel de fibra óptica estava uma pessoa real... Gata... Seria semelhança com o felino propriamente dito? Ocorria-me a famosa, e fascinante, arte de brincar com os ratos... seria eu o rato encurralado a um canto por entre frases de uma gata?...
Às curvas fui adicionando pormenores de personalidade, traços e características, tiques, comportamentos, formas de sentar, de estar à mesa, de pegar numa chávena de café... de como mexeria no cabelo do qual desconhecia o comprimento... Gata!













Acabei por a conhecer... meses mais tarde, e do esboço que fiz, nada tinha a ver com a realidade... nem olhar felino, nem tiques, nem a forma de pegar na chávena... nem sequer gostava de café! Um pouco à semelhança de quem usa dinamite... ela usava a sua própria imaginação para ser alguém.

A Gata nunca o foi.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Sandra

A Sandra era casada com um amigo meu de infância. Tinha sido um casamento algo conturbado, ela instalou-se na casa dos Sogros que nem uma carraça se instala num cão, e começou a fazer o que todas as carraças fazem: Chupar o sangue dos seus hospedeiros.

Na minha opinião, ela aproveitou-se da fraca personalidade do meu amigo, para arranjar um casamento de conveniência. De qualquer modo, pouco me importava, não era problema meu...

...mas passou a ser em pouco tempo. O meu amigo tinha de fazer entregas de móveis a qualquer hora do dia, e num certo sábado de Verão, estávamos os dois em casa dele a ver televisão, um daqueles filmes que já deram 300 vezes na TV.

Ele foi chamado para uma entrega, e como era coisa para uma horita apenas, pediu-me que ficasse á espera dele, para depois irmos lanchar. Procurei então, colocar-me á vontade, e estendi o braço para o lado, nas costas do sofá, numa típica posição de relax...

Poucos minutos depois de ele ter saído, a senhora Sandra, 1,65m, pronúncia francesa típicamente filha de emigrantes, veio ter comigo por trás desse sofá, e colocou-se de modo a que os seus fartos seios ficassem estrategicamente colocados em cima da minha mão.

É espantoso o engenho destas mulheres... Se ainda aí houver cépticos questionando-se se terá sido mera coincidência, irão ver as vossas dúvidas dissipadas dentro de algumas linhas.

Eu fiquei estático, mais imóvel que o homem estátua da Rua Augusta... Aqueles segundos em que sentia perfeitamente ambos os fartos seios da Sandra pareceram uma eternidade. Mas fui mais forte que ela e resisti á tentação de lhes mexer.

Então ela saiu daquela posição, e veio sentar-se ao meu lado. Bastante encostada a mim, como se quisesse aninhar-se em mim. Novamente, não reagi, mas comecei a pensar bem no que me estava a acontecer.

Sentia-me á beira de um precipício com milhares de pessoas a empurrar-me para o abismo. Tentei resistir ao máximo, mas para tudo existe um limite, e a Sandra estava disposta a ultrapassá-lo.

Ela levanta-se então, e diz-me:
-Como sei que tu costumas ser um rapaz que gosta de ir ás compras com as tuas namoradas, bem que me podias dar uma opinião, visto que o Duarte só pensa em carros.

Vê lá se este fio dental me fica bem? Sê sincero e vê com atenção...

E nisto ela vira o seu belo rabo para mim, puxa as calças para baixo, e faz questão que eu veja o tal fio dental cor de rosa, rendado, que lhe assentava terrivelmente bem no seu traseiro.

Resisti o mais que pude, mas isto já era demais... Fiz-lhe a vontade, levantei-me e puxei-a para mim. Ela esboçou um grande sorriso, aquele tipo de sorriso que uma criança tem quando se lhe dá um doce para o qual ela tanto fez birra.

Dei-lhe o doce de uma forma algo dura, mas muito intensa, muito "fisica", porque o tempo disponivel não era muito, mas principalmente porque ela o exigia. Conseguia ver nos seus olhos as chamas do desejo!

Saí antes que o Duarte voltasse, pensando no que tinha feito... A consciência pesava-me. Semanas mais tarde voltei a casa deles, pois ele perguntava-me porque nunca mais tinha aparecido, mas de cada vez que ela o apanhava distraído, ora roçava-se em mim, ora me provocava com o olhar, ora me fazia gestos bastantes explicitos com a boca...

Deixei de lá ir a casa, perdi o amigo, e perdi-a a ela.

Em certas batalhas, a derrota é nossa única saída...

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Vanda

Ela era dona de um sentido de humor cortante... era difícil a qualquer um manter-se sério perto de si. Parecia, e era realmente isso, esconder o pesar da perda por entre o ser o centro das atenções de qualquer grupo... a Vanda foi, e será, uma loucura em potência. Capaz do gesto mais querido, da atitude perfeita em frente a uma objectiva, como no momento seguinte ser a mais imprevisível e instável mistura de reagentes químicos que se possa conceber.
Por entre o que pude conhecer da Vanda, vi carência, vi necessidade de amor, vi um coração capaz de se entregar e amar por inteiro... foi-me permitido ver que, por entre toda aquela imagem de "espalha brasas", existia uma mulher que era bem mais do que o que a maioria via... uma bicicleta de bairro.
Felizmente, por entre a corja de abutres e galifões... da fama não me livrei... apareceu quem a compreendesse, quem a amasse. Nada de bicicletas! Comigo foi apenas um prazer fotografá-la...

terça-feira, 1 de julho de 2008

Priscilla

Por vezes uma mulher consegue surpreender-me e deixar-me completamente atónito. A sério, juro que sim!

A Priscilla namorava um certo rapaz há mais de 3 anos. Ela tinha uma relação com o seu namorado aparentemente normal. No entanto, segundo ele me confidenciou, ela tinha nojo de lhe fazer sexo oral, inclusivé, depois das relações, ela sentia a necessidade de se ir lavar toda, nem ficava ali um pouco nos amassos... E sexo anal era um TABU que nem se podia falar por entre os lençóis.

Até aqui tudo bem, não sou da opinião de se obrigar alguém a fazer algo que não gosta. Não gosta paciência, há outras maneiras de nos satisfazermos. E odeio quem faz chantagem emocional para conseguir certos favores sexuais!

No entanto a surpresa vem já a seguir... A relação com o meu amigo acabou naturalmente, e meses mais tarde, a Priscilla arranjou um outro namorado. Modelo profissional, jurava-lhe amor eterno, muito romântismo, etc. Enfim toda a tipica cantiga do bandido habitual de quem passa a vida a coleccionar mulheres conquistadas, como um miudo anseia por encher a sua caderneta de cromos.

E pelos vistos, esta Priscilla era um cromo raro. Não é que na primeira relação com este modelo, fez tudo o que nunca fez com o meu amigo? Sexo oral sem protecção, anal sem protecção... Enfim, ofereceu o cardápio completo a um gajo que sabia ter tido "N" gajas antes, e tudo sem se proteger.

Não entendo. Ela de um lado da balança tinha um gajo que conhecia perfeitamente, tinham feito todos os testes, e mesmo assim tinham 1001 precauções juntamente com o factor nojo.

Do outro lado, tem um gajo, assumidamente mulherengo, com quem gosta de se relacionar sem qualquer protecção, que não conhece de lado algum, e entrega-se assim. Algo não bate certo! Obviamente, que ele mal a conquistou, colou o cromo na caderneta e partiu á procura do próximo cromo.

O Jardineiro classificaria este gajo como uma Droseraceae Drosera, uma planta carnívora que atrai os insectos com o seu brilho exterior, e estes ao poisarem ficam irremediavelmente presos ás suas folhas pegajosas. Quanto mais se debaterem mais presos ficam. Até que os matam para os começarem a digerir.

O triste desta história toda, além da desilusão que ela teve, foi a doença que ela apanhou, Hepatite C.

Quem vê caras não vê corações...

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Alexandra

A professora Alexandra era como tantos outros casos... uma professora recem formada...
Acabada de tirar o seu curso em geologia, foi colocada na minha turma a dar aulas de Mundo Actual...
Por entre a sua simplicidade, beleza e simpatia, fez tremer o coração de muita gente...
Por ironia do destino, uma vez que fiquei na sala durante o intervalo, a terminar mais uns apontamentos...a conversa foi iniciada entre nos.
Um local em comum marcou o inicio de um à-vontade muito superior ao habitual.


Évora, cidade da minha vida... Évora, cidade onde ela estudara e fizera o seu curso...
A empatia foi imediata...foi o inicio de longas conversas entre nós...
Desde locais na cidade a pessoas, descobrimos que ja haviamos cruzado caminhos anos antes...
As suas saudades pela cidade eram bastante intensas...
Ao que lhe respondi um certo dia"Tens saudades de lá? Vamos então, agora mesmo matar saudades..."
Os seus olhos brilharam e eu fiquei surpreso quando a sua resposta foi afirmativa...
Assim foi... dirigimo-nos os dois para o meu carro, o meu velho Pantera companheiro de estradas...
Apos uma viagem de 140 km's sempre em plena forte conversa, algo sucedeu...
Talvez levada pela emoção de estar de volta a uma cidade que a marcou, abraçou-me forte contra o seu peito...
Levou-me a um sitio que conhecia (eu tambem conhecia, mas não lho disse...)Um velho e milenar miradouro do qual se pode observar toda a cidade...
Eram agora 23:00 e estavamos sozinhos...so nos, as estrelas, a luz... e a vista da cidade...
Soprava uma suave brisa e os seus cabelos ondulavam gentilmente...
Bastou um cruzamento de um olhar para que o vento parasse, os bichos nocturnos ficassem mudos e que o tempo congelasse a nossa volta...
Abri a boca para pronunciar algo... mas antes que o pudesse fazer... o seu dedo indicador pousou sobre os meus labios a pedir silêncio...
Ao seu dedo indicador seguiu-se o doce toque dos seus labios...
Ficámos ali abraçados, como um par matemático que o tempo dividira por dois e que se reencontrara por fim no resultado da equação...
Entre caricias e desejos, fizemos amor ternamente sobre o ceu estrelado, tendo apenas a lua como testemunha ate que o sol nascesse para tomar o seu lugar...
O tempo e as circunstancias... infelizmente, nao foram bondosos para connosco... e o meu curso terminou...
A distancia que separava o resultado veio lentamente tomando de volta o seu lugar...
A Alexandra seguiu um caminho diferente do meu...
A sua memoria e o toque dos seus labios permanecem gravados em mim...
E cada vez que vou ao monte, sinto o seu perfume no ar...
E a brisa que sopra, é a sua mão que me acaricia a face...
Sei que pensa em mim e se lembra de mim... Sinto-o...
Os nossos caminhos voltar-se-ão a cruzar um dia... e será no mesmo monte... a brisa assim mo anuncia...

Elsa, Hélia & Teresa

Falando de professoras...
Creio que todos tiveram uma professora por quem tiveram uma paixão platónica, eu não fui excepção, a Elsa era uma recém formada professora de inglês, não sofria do afastamento crónico causado pela diferença de idades entre aluno e professor... ainda há pouco havia deixado de ser aluna, e isso notava-se no seu à vontade com que dava as aulas e comunicava com qualquer um dos alunos... a Elsa, recém licenciada, recém casada, seria sempre lembrada por um dia, um dia em que numa aula, para que pudesse ler as legendas de um filme que víamos, usou óculos... foi a machada final, e geral, que encantou toda a turma masculina!
A Hélia era exactamente o oposto, era uma professora em que a idade já lhe dava um estatuto, uma distância... o que tinha de especial? O facto de me ter considerado um "diamante em bruto", e de, por razões da sua outra profissão, era escritora com obra reconhecida no meio, ter achado que eu poderia ser melhor, e não desistiu enquanto não deixou marca. Mesmo se, ainda hoje, cometo erros ao escrever, a enormidade (e barbaridade) de erros que não cometo, é a ela que o devo!
Outras vezes há, em que o interesse da professora no aluno é, não como no caso da Hélia, mas o inverso da situação da Elsa... a Teresa, foi uma dessas professoras.
Por razões incompreensíveis para mim, como aluno e como homem, caí nas graças da professora Teresa enquanto colega de turma da filha mais velha... recordo-me de ter, numa aula de trabalho em grupo, pedido a presença da professora para tirar uma dúvida... com o cotovelo poisado na mesa, tinha a mão levantada, e ela, com toda a delicadeza, abraçou-me o braço direito junto ao peito... não sendo eu canhoto, e tendo ela debitado informação suficiente para encher diversas páginas de cadernos de apontamentos... ali fiquei eu... de braço perfeitamente imóvel aconchegado nos seios da professora. Este foi apenas o primeiro de muitos contactos auto-satisfatórios da professora Teresa!One professor to passion them all, one professor to teach them, one professor to tempt them all, and in memories bind them all.

domingo, 29 de junho de 2008

Paula

Não vou mentir. Tive alturas na minha vida em que precisava mesmo de ter alguém, e a falta de mulheres na minha vida desesperava-me tremendamente. Parecia que nada dava resultado e então, decidi usar a arma do desespero, como uma bomba atómica usada em ultimo recurso...

Meti um anúncio numa dessas revistas cor-de-rosa, pedindo novas amizades e quem sabe, algo mais. Quem sabe não, era mesmo que eu queria. Algo mais! Coloquei o anúncio e esperei. Nos primeiros dias fui completamente abalroado de mensagens no telemóvel. Naturalmente que algumas pessoas ficaram interessadas e por outro lado, outras deixaram de comunicar comigo.

Até que apareceu a Paula. Após uma mensagem dela a dizer que estava interessada em conhecer-me melhor, perguntei-lhe como ela era, na esperança que ela desenvolvesse assunto.

Como resposta, em vez do que lhe tinha perguntado, recebi antes isto:
-Olha, f*des bem? É que se f*des bem eu fico contigo já, não precisamos de mais conversa!
Mas que raio... Onde pára o romantismo? Onde pára aquela conversa fiada do "Ai e tal és tão bonito, tens os olhos tão giros." Nos tempos que correm o que realmente conta é a performance sexual, querem lá saber se sou gordo, magro feio ou bonito.

Já dizia o outro: A fé move montanhas mas os apressados preferem sempre a dinamite...

sábado, 28 de junho de 2008

Mr. Smith

Por vezes temos de bater no fundo para aprendermos a nos levantar. Temos de passar pela escuridão para descobrirmos o que é a luz. Necessitamos de uma experiência de quase-morte para darmos real valor á vida.

Hoje foi um desses dias. Vivi algo horrivel, nunca o tinha experimentado antes. Sofri, morri e renasci que nem uma Fénix.

Sei que mudei, mas ainda não sei em que aspectos. No entanto sei que estou mais forte, mais maduro, mais experiente. Por isso, decidi mudar de nick, o momento de ser o Dark Spit fica para trás, larguei essa minha pele, agora sou o
Mr. Smith...

Continuarei a usufruir do privilégio de construir este blog com mais estes dois amigos que tenho. Espero continuar a merecer a sua confiança cada vez mais. Um abraço a eles e a todos os leitores.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Nádia

Há muito muito tempo, numa galáxia distan.... OOOPSSS blog errado!

Errmmm

Há muitos anos atrás, regressava eu da escola, quando oiço um piropo vindo de trás, como um punhal a atravessar-me as costas. Como nunca fui moço de ouvir piropos e além disso não havia obras por perto, pensei não ser nada comigo e ignorei.

Mais uns passos e novamente outro punhal. Resolvi virar-me e olhar nos olhos quem me trespassava as costas. Era uma linda rapariga, uns anos mais nova que eu, jardineiras azuis, t-shirt branca. A indumentária tornava-a numa espécie de menina-mulher algo atraente, e que com um sorriso lindissimo fazia sinal que era mesmo para mim.

Virei-me para a frente, e mandei um daqueles piropos de fazer corar qualquer trolha das obras:

-Só queria que fosses uma pastilha elástica para te comer o dia todo.

E fez-se Chocapic... Ela veio ter comigo a rir e apresentou-se, e nisto passámos alguns minutos a falar.

No dia seguinte, procurei-a na escola, passámos os intervalos juntos a trocar ideias.

Estava tudo encaminhado, e assim foi durante uns dias. Num dia chuvoso e sombrio (O Sol não brilhava como naqueles dias especiais), ela chama-me para um canto da escola, confessa que gosta muito de mim, que eu tinha tudo para a fazer feliz, mas que não podia haver nada entre nós.

Porque ela era Testemunha de Jeová e que não podia ter qualquer tipo de relações com alguém que não fosse da mesma religião.

Por vezes o amor tem cores proibidas, aquela era uma flor que nunca tinha sido destinada ao meu jardim... Para minha pena!

Joana & Margarida

Numa esplanada, por entre copos e conversas desavergonhadas, perguntou a Margarida num tom de conhecedora da esmagadora maioria das respostas possíveis...

- Diz-me lá... se saisses com a Joana onde é que a levavas?

A Joana, era uma rapariga loira de olhos claros que chamava a atenção mesmo do mais empenhado estudante de informática duma qualquer universidade deste país, de cabeça um pouco inclinada para a frente, de forma a ocultar o olhar com a franja, ouviu-me dizer...

- Levava-a à praia para vermos o nascer do sol.


A Joana baixa o olhar e cora... a Margarida diz-me que sou muito querido... e uma besta pergunta:

- 'Pera lá! O sol não nasce do outro lado?

Assim tínhamos muito mais tempo...

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Susana

A susana foi mais um narciso que passou temporáriamente pelo meu jardim...
Conhecidos pela sua caracteristica do egoismo, sao do tipo que so pensam em si mesmos..

Nascem um pouco fora de estação e florescem sempre sozinhos para que o mundo repare nas sua petalas.

São flores efemeras, contudo, por serem das poucas fora de estação atraiem e prendem a atenção.

São flores que representam o egoismo, uma vez que têm a tendencia para pensar apenas em si mesmas,esquecendo o que fizeram por elas...

Não sabem que direcção ou caminho tomar, por isso andam ao sabor do vento, exprimentando diversos jardins até encontrarem um que lhe sirva o seu prazer...

Contudo, todos esses jardins sao apenas pousos momentaneos,em breve encontram outro jardim que lhes pareça mais apetecivel...
Tempos mais tarde, ficam a pensar no jardim de onde vieram previamente e pensam que conseguem para la voltar...
Mas por vezes encontram as portas do jardim fechadas...

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Antónia

O sentimento de um chupa-chups na montra de uma loja de doces quando os olhos de uma criança o fixam, será certamente semelhante ao de quando uma mulher muito mais velha olha para um rapaz (note-se o pormenor de mulher vs rapaz em vez de homem), o mira de alto a baixo repetidas vezes, o elogia sem encontrar as palavras certas, e, este é que é o pormenor que arruina a cristaleira, lambe os lábios enquanto tenta interligar palavras para formar uma frase... nas barbas do marido!

Talvez seja só, e apenas, imaginação... mas, just in case... mantenha a distância de segurança!!!

terça-feira, 24 de junho de 2008

Fátima

Em meados de 1997, tinha eu 17 anos, a turma do 12º ano decidiu fazer uma viagem de finalistas ao Porto, na altura ainda não se falava de Lloret del Mar. Fomos acompanhados de duas professoras, uma delas era a bela Fátima, professora de Design. No final dos seus bem conservados trintas, mantinha uma boa linha, apesar de se vestir conservadoramente, talvez a gosto do marido.

A viagem tinha a duração de cinco dias, mas ao final do segundo dia sem dormir, já poucos se deitavam ou comiam ás mesmas horas. Assim, uma noite, calhou-me em sorte ter apenas a Professora Fátima como companhia para jantar. Ao iniciar os preparos do meu jantar, ela interrompeu-me:
-Não preferes ir jantar fora comigo?
Aceitei. Rumámos a um belo restaurante na ribeira do Porto. Ela conhecia bem a cidade, pois tinha um andar herdado dos seus avós que agora se encontrava desabitado, onde tinha passado férias na sua infância. Jantámos, e, no meio de uma conversa muito interessante, surgiram alguns olhares de quem tinha outro tipo de fome, como raios de luz que penetram numa floresta escura. Fiz-me de despercebido, mas no final do jantar lá veio o inevitável...
-Vamos dar um passeio?
Concordei. Passeámos junto ao Douro, a lua brilhava como nunca (já vos disse que a lua sempre brilha nestas noites especiais?). Para minha surpresa, ela pára em frente a um prédio cinzento, tipicamente portuense. Explica-me que tinha herdado aquele andar, e aproveitando o facto de estar ali perto, queria ver como estavam as coisas.Acedi, ingenuamente, ao pedido dela.

Naquele momento, nada mais era que um pobre coelho, encaminhado a cair na feroz armadilha de um experiente caçador. Subimos, ela abriu a porta, e realmente o ambiente da casa dava a entender que há muito não era habitada, mas a presença dela inundava agora aquele espaço de vida. A Fátima era assim mesmo, uma coisa por fora, outra totalmente diferente por dentro. Para o exterior lançava uma imagem de rectidão, conservadorismo e o politicamente correcto, mas dentro dela algo de muito especial fervilhava intensamente...
-Espera um pouco, tenho de ir ao WC, volto já, não te vás embora!
Disse ela com um sorriso maroto. Avistei um sofá de cor vermelho paixão, ao mais puro estilo kitsch. Parecia confortável, e realmente era. Acomodei-me e esperei uns minutos. Os minutos pareciam horas. E finalmente a porta abriu-se... O sofá vermelho transformou-se numa cadeira eléctrica, e sofri um choque eléctrico de 20.000 volts.

A professora Fátima tinha vestido uma mini saia curtissima, ao mais puro estilo Kogal. A sua bela forma fisica evidenciava-se agora de uma forma resplandecente. Eu não conseguia articular nenhuma palavra com tamanha sensualidade, e ela sabia-o perfeitamente. Assim o desejara! Ordenou-me que lhe tirasse algumas fotos, nas posições que ela queria. Completamente estupefacto acedi ás suas ordens. Os flashes invadiram aquela sala, como se tratassem de relâmpagos em véspera de tempestade. Mas não tardaria muito em chegar a verdadeira tempestade...

Ela voltou a deitar-me um daqueles olhares penetrantes como raios de Sol e fez sinal para me aproximar. Mal cheguei perto, ela agarrou-me e beijou-me como nunca ninguém mo tinha feito. Senti perfeitamente o fogo que fervilhava intensamente dentro dela. Os olhos azuis dela diziam-me que me queria ensinar algo mais que design naquela noite. E como eu sempre fui um aluno dedicado, assisti atentamente á lição.

Após uns demorados preliminares, ela fez questão de me sentar no tal sofá vermelho, e bem á minha frente, começou a fazer um strip extraordinário, como se fosse uma experiente profissional de um qualquer país de Leste. Depois subiu para cima de mim, fizémos amor com uma intensidade e entrega total, como nunca tinha experimentado antes.

Senti que naquelas horas ela deixou o seu disfarce diário de lado, e assumiu quem realmente era, deixou o seu interior fluir e tornou-se livre. Os seus olhos azuis iluminavam agora toda a sala, do corpo dela emanava uma aura de energia vibrante.

Senti-me honrado por ter participado naquela libertação, é indiscritível e extremamente belo observar uma mulher naquele estado. Entrei na Universidade, os anos passaram, nunca mais a vi, talvez tenha sido colocada numa outra escola distante. Terá ela voltado para o seu disfarce habitual? Uma coisa nunca esquecerei:

Naquela noite, ela foi realmente a minha Professora Fátima, e ensinou-me algo que jamais poderia ter sido ensinado numa qualquer aula vulgar.

Ana

Fotógrafa e modelo, tirei-lhe centenas de fotografias... quando a conheci estava na fase entre ser menina e ser mulher. Não sendo eu um exemplo de virtudes, teimei, forcei, empurrei-a no sentido de "crescer", de ter uma "vida própria" só dela, de que no fundo a nossa relação seria o melhor das duas partes. Acho que nunca percebeu o facto de a incentivar a ter amigas e amigos com quem convivesse sem que eu estivesse presente.
Com o passar do tempo o sentimento desapareceu... cada um foi à sua vida, com aquela velhinha frase "vamos ser amigos" a dar o mote... ela assim o não quis, e fez questão de marcar um posição de distanciamento... movida pelo ciúme doentio que tinham de todos os que a rodeavam...
Mais tarde, findado esse seu relacionamento à distância, já sem contactos de ninguém, voltei a falar com ela... os seus olhos diziam-me "volta para mim"... e o seu abraço dizia "tu sempre foste bom comigo"...

Entre os homens há os jardineiros... os que cuidam, tratam, mimam e fazem de tudo fazem para que "quem está consigo" seja feliz, amada e, no entanto, independente... outros há que são como o escaravelho da batata, como o míldio ou como a chuvada intensa fora de tempo... só servem para f0der tudo!

Ah pois! E eu é que sou o elefante!

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Sandra & Tânia

Imaginem agora que a equipa de Futebol do Casa Pia teria de jogar contra o Manchester United. Conseguem visualizar o desconforto e medo dos jogadores casapianos?

Esta metáfora futebolística serve para vos dar uma ideia de como me sentia ao pé da Sandra e da Tânia (Não a mesma Tânia dos meus posts anteriores).

Qual David contra Golias, sentia-me pequeno ao pé delas duas, tal era o patamar de experiência que elas tinham... Mas sempre estive aberto a novas experiências e decidi aceitar o convite de ir almoçar com elas as duas.

O Sol brilhava (já vos disse como o Sol sempre brilha nestes dias??), nem uma nuvem no céu. Um BMW reluzente de tanto polimento (para agradar ás senhoras), seguia pelo IP6 rumo a Peniche, conduzido por um jovem de 20 e poucos anos acompanhado de duas senhoras mais velhas na quantidade certa. Daquele tipo de fazer parar o trânsito ou de tornar poeta qualquer trolha numa qualquer obra. Nem podia acreditar na minha sorte...

Algures no IP6, um tipo com um Ford Fiesta, obviamente sentido o cheiro de presas que aquele BMW emanava, decidiu armar-se em malabarista da estrada, fazendo perigosas manobras na estrada para impressionar as madames. Ao ver o meu território invadido, o macho dominante, que conduzia o BMW, teve de mostrar a sua garra, expulsando o outro macho do seu território. Voltava então a ser o macho Alfa das duas donzelas.

Chegado ao destino, saímos do BMW, e elas, uma de cada lado, agarraram-se aos meus braços, indo assim para o restaurante. O meu EGO nunca tinha estado tão inchado, embora tenha ouvido um comentário menos próprio:

-Olha ali aquele gajo agarrado a duas matulonas.

-Deve ter dinheiro para elas estarem assim! Ele vinha de BMW...

O que vem de baixo não me atinge, ainda por cima naquela altura, não eram uns comentários de uns invejosos com dor de cotovelo que me iam abalar!

Acabado o almoço decidimos passear pela praia. Ao passarmos por um café que tinha um daqueles brinquedos para miudos em forma de mota, tive a feliz ideia de as desafiar a andar naquilo se eu metesse lá uma moeda. Assim foi, elas andaram de mota, e eu, totalmente deliciado com tal visão de sonho, ocupava-me de imortalizar o momento...
-Não queres ser TU a mota agora?

-Cof cof gulp!
Nesse dia soube o verdadeiro significado da expressão: Areia a mais para a tua camioneta!

domingo, 22 de junho de 2008

Cristina

Dona de uma silhueta elegante, era discreta, era controlada... ponderada, de um equilíbrio avassalador! Via-a como alguém desconcertante mas natural... a figura dela, alta, morena e de cabelos longos, encaixava na perfeição com a sua forma de ser, da maneira que uma mulher deve de ser, um misto de elegância e mistério... o mal de uma mulher assim? É um homem nunca saber qual é a altura correcta, nunca ter a certeza de nada... estar num limbo de desconhecimento e indecisão... sim, não?... hoje, amanhã, talvez depois?
Sim, a Cristina era uma mulher e tanto, uma das poucas que, apesar da minha crónica mania de aparecer e desaparecer ao longo do tempo, tem uma, chamemos-lhe, especial "atenção" da minha parte. Sem que ela o soubesse, o nosso convívio, foi a âncora de realidade de que tanto precisava numa altura em que nada parecia fazer sentido, ter razão ou motivo... um verdadeiro porto de serenidade... quando se fala de uma mulher de vestes longas, elegante e serena, é a Cristina que vejo de longo vestido até aos pés... a sua imagem de marca!

Justina

Anos se passaram desde que a Justina passou pelo meu jardim…
Qual buganvília que se agarra a uma base e se vai enrolando na mesma…
Assim foi marcada a sua passagem…
Após uma adesão a uma base que apareceu, foi criando forças e desenvolvendo os seus ramos… as suas flores brilharam com força e intensidade…ate terem alcance para atingir uma nova base… uma base mais alta e mais resistente…
Assim começou a sua transição ao fim de um ano e meio… os seus ramos tocaram uma nova base e cresceram na sua direcção… a sua relação com o seu novo hospedeiro foi crescendo, assim como ela na sua vida…
Aos poucos foi largando as antigas raízes ate abandonar o jardim onde havia estado até então…
Agora repousa em um novo jardim… vivendo a vida que desejara até então…
O local onde tinha as suas raízes cravadas, permanece lá… já esbatido pelo tempo…
As paredes que trepou continuam a ter as suas marcas… a chuva que cai não as leva…
Mas interrogo-me…?

... "Será que as suas flores se recordam de onde vieram antes?"

Jardineiro

Da minha família e da minha terra, quase nada tenho a dizer...
O destino afastou-me de parte da primeira e alheou-me da segunda...
Sou um homem da vida, gozado por muitos, idolatrado por outros.
Sou um ser como tantos outros que por ai andam, vida medíocre, emprego medíocre...
Enfim, nada de invulgar...
O porque de escrever? Porque assim me faz bem...
À face dos recentes acontecimentos na minha existência, redescobri o prazer de escrever...
Podemos dizer que desde pequeno que escrevo, mas perdi o meu rumo algures,
Numa encruzilhada da minha existência.
Voltei a escrever mais uma vez, por necessidade...
Necessidade de falar, necessidade de me exprimir, necessidade de estar ocupado...
Necessidade de limpar a minha alma e a minha essência...
Manchado no tempo por sentimentos menos puros e positivos,
Assim vim arrastando a minha vida e o meu corpo...
Sentimentos como raivas, rancores, ódios, crimes...
Dissimulados por diversas mascaras, fizeram com que hoje em dia chegasse ao ponto em que me encontro...
Passei entretanto a ser um ser soturno, com um misto de sentimentos que até há bem pouco tempo havia esquecido...
Sentimentos como amor, paz, calma, carinho...
Sentimentos muitos anos reprimidos que encontraram um meio de escape e irromperam com fervor novamente na minha vida,
Qual avalanche rolando pelo monte abaixo...
Bastou um clique para que tudo se soltasse...
Etapas que percorri, perdendo tudo o que havia conseguido obter até então...
Não quero eu mostrar nada a ninguém, até porque nada tenho para ensinar...
Apenas pretendo descobrir assim o que é a minha vida, se a mesma vale a pena...
E continuar o meu caminho...
Cuidando das minhas flores, as quais o tempo não toca... As quais perduram e estão lá para mim... As flores cujas marcas ficam gravadas na memória e deixam cicatrizes com os seus espinhos… ou as flores cujo perfume perdura no ar muito após a sua passagem…

sábado, 21 de junho de 2008

Alexandra

"Sabes onde ficava bem essa tua roupa? Toda amarrotada aos pés da minha cama!"

Longa foi a estória com a Alexandra, pulvilhada de avanços e recuos, ora num momento as "coisas" (usualmente denominadas por jogo do "engate") davam saltos gigantescos na direcção dos "jogos de acção", ou simplesmente, e vindo do nada, um iceberg se formava capaz de afundar diversos titanic's... em série! Que se lixe! Abdiquei e, farto de tanta indecisão, fui à minha vidinha de solteiro sem jardim.
Meses se passaram em que o contacto com a Alexandra foi diminuto, para ser franco foi mesmo inexistente, e eis que... senão quando... se combina um café! Esse tão Português hábito de beber água castanha levou-a a minha casa, e num momento em que me ausentei da sala por um motivo qualquer, ela, no sofá, ficou à vontade. Não devo ter tardado mais que dois minutos, e quando regressei à sua presença... estava deitada... e nua!

- Vem ter comigo... ou vais ficar aí de pé a olhar para mim?

Vi o seu corpo nu... integralmente nu... e pegando na roupa que ela havia colocado nas costas de uma cadeira, disse-lhe...

- Veste-te e sai... assim não tem piada.

(clicar na foto para conhecer Amedeo Modigliani e a sua obra)

Tânia

Amor (impressionante como após todos estes anos ainda me lembro de ti como amor), onde estarás tu neste momento? Estarás feliz?

Será que a minha lembrança ainda mora em ti? Eu nunca te esqueci...

Recordo-me perfeitamente do primeiro dia. Aliás, de todos os dias! Mas aquele dia 12-05-2003 foi muito especial. O Sol brilhava (não brilha sempre que nos sentimos felizes?) e a tua timidez tornava tudo muito mais bonito.

Aquele banco de jardim de cor vermelho paixão. A primeira vez que te dei a mão... Sentir o toque aveludado da tua pele, a delicadeza dos teus dedos. O teu lindo olhar, que se esquivava quando se encontrava com o meu. Passámos a tarde juntos, de mão dada, como se nada mais existisse.

Como poderei algum dia esquecer???

Os pássaros cantavam alegres melodias nos seus ninhos, mas o meu coração cantava ainda mais alto por ti, meu amor. E o dia parecia nunca mais terminar, saboreava cada segundo como se fossem horas de prazer.

Passado cerca de um ano, algo aconteceu em nós, mas eu perdoei-te amor. É certo que, na altura, posso não ter dado a entender isso, mas como poderia eu não te perdoar?

Novamente um ano mais tarde, o destino voltou-nos a juntar durante alguns dias. O Sol voltou a brilhar, o meu coração voltou a cantar mais alto que qualquer ave. Tu continuavas linda como sempre.

Mas desta vez fui eu que te fiz mal sem querer..... Desde então o Sol nunca mais brilhou daquela maneira, o meu coração apenas murmura tristes lamentações ou felicidades efémeras. Nunca mais fui igual.

Espero que, onde quer que estejas, alguém te faça brilhar o Sol e faça o teu coração cantar bem alto... Nunca me vou esquecer de ti Tânia.

Será que o destino algum dia nos vai marcar outro encontro?

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Bruna

Sempre ouvi dizer que, para despertar o interesse das mulheres, tinha de as tratar mal. Afinal, já o outro dizia: "Quanto mais me bates, mais eu gosto de ti..."

Mas isso nunca funcionou bem comigo. Sempre fui um tipo muito politicamente correcto, muito certinho. Não me entendam mal, desejo tanto saltar para a espinha das mulheres como qualquer outro, mas nunca fui o tipico bad guy.

Depois, ainda havia quem me aconselhasse a ser EU MESMO. Mas que raio? Se eu vou ser eu mesmo serei certinho, e isso entra em conflito com a regra de ser um gajo ruim para elas.

E isto leva-me á Bruna. Após ter tentado ser certinho nas anteriores relações, desta vez iria dar uma de mauzão!

No bar, o perfil da Bruna destacava-se por entre outros perfis de matulões a ver um jogo do Euro da mesma forma que um cisne se destacaria no meio de gorilas. O seu vestido justo, deixava vislumbrar, sem qualquer duvida, as formas do seu corpo. Era chegada a hora do macho dominante declamar o seu grito de acasalamento:
-Oh febra, salta aqui para a brasa!

-Filho, chamas a isso brasas? Ainda tens de arder muito para esta febra saltar para cima de ti...
Ouch!

Rafaela

A grande maioria dos elementos do Greenpeace são mulheres... a Rafaela nunca faria parte do Greenpeace. Ele gostava de animais, mas apenas dentro de certos parâmetros...


Havia-me dito que tinha um rato em casa, que ele comia o veneno e que continuava a comer fruta e afins que encontra lá por casa. Sempre achei o veneno para ratos como algo... desumano! Uma ratoeira seria mais eficiente, e causaria menos sofrimento ao pobre mamífero...
Meti-me na cama... e ainda nem cinco minutos haviam passado e já aquele som sentenciava o fim da vida do pequeno mamífero... lá saí da cama, e fui tratar de esconder o corpo. Comigo veio a Rafaela, e as luvas de borracha, e a lixívia, e o saco do lixo, e as chaves da porta da rua... e a meio caminho do caixote do lixo... reparo na minha figura! Chinelos, luvas e... boxers?! Hmmm... ninguém me haveria de ver nestes preparos... errrr... tirando as quatro mulheres que comentavam o pormenor das luvas! E comentavam a falta de roupa... e diziam qualquer coisa sobre apalpar "não-sei-quem"...
Pobre roedor... deu a vida para que quatro mulheres pudessem fantasiar com um desconhecido quase nu...

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Elisa

A Elisa era um daquelas raparigas que julgam que sabem tudo da vida e que estão cá para ensinar os outros.
Entregava-se nas suas buscas e tentativas de ajudar o proximo.
Por entre jogos de palavras e sedução ela conduzia a sua vida por caminhos que julgava conhecer.
Mera ilusão, pois como se costuma dizer há sempre alguém melhor que nós.
Apostou que seria apenas mais um jogo, jogo esse que levaria a melhor e que saíria vitoriosa como havia sido hábito até então.
Tentando pregar uma doutrina que julgava ser a suprema, enveredou no maior jogo da sua vida.
Anos lutou contra a maré, tentando subjugar os sentimentos alheios e jogando palavras por entre as ondas do mar...
Um dia... já cansada da luta e do caminho que havia feito até então, baixou os seus braços...
Abandonando assim o seu objectivo...
Alguém saíu vitorioso, pois uma luta de tal natureza, não se trava sozinha...
Quanto à Elisa, perdeu o seu rumo...
Tenta agora lamber as feridas deixadas pela luta no fervor da batalha...
Contentando-se agora com meros bonecos que tem a certeza de conseguir vencer...
Tão depressa não levantará a sua cabeça para olhar em objectivos que não consegue atingir...
Como uma Rosa... bela para atrair toda a gente em seu redor com o seu aspecto resplandecente e o seu doce aroma... para no fim deixar cair as petalas e cravar os seus espinhos fundo na pele... assim foi Elisa...
O que aprendeu com isto?
Que não se deve tentar dar um passo demasiado grande se a perna não tem alcance... há sempre risco de o apoio nos falhar e ficarmos sem local onde nos agarrar...

terça-feira, 17 de junho de 2008

Tânia

Na minha adolescência, sempre tive poucas e conturbadas relações com o sexo oposto. Era caso para dizer que as parcas relações que tive, eram apenas intervalos entre dois longos períodos de cruel solidão. E eu pensava para mim mesmo, por entre lágrimas:

-Quem me dera ter muito por onde escolher, do que viver assim sem ninguém!

Após um ano de namoro feliz, a Tânia, resolveu por o seu lindo traseiro a salvo e partir para outra, sem dar qualquer cavaco a ninguém.

Mais uma vez fiquei na fossa. Andei quase um ano nisto, e passado tanto tempo, por entre baba e ranho, lá voltei a exclamar:

-Quem me dera ter muito por onde escolher, do que viver assim sem ninguém!


Entretanto conheci outra mulher. E no mesmo dia em que me ia atirar de corpo e alma á relação, reapareceu a Tânia. E eu fiquei com uma terrivel escolha para fazer. Dar uma segunda oportunidade ao lindo traseiro? Ou escolher o traseiro que ainda mal conhecia??

Para quem lamentava não ter por onde escolher, agora tinha mesmo de escolher, e não o conseguia fazer.

Nesse dia, aprendi uma grande lição: Nunca mais choramingar pelo rabo alheio!